O Gerenciamento de Resíduos Industriais basicamente é o conjunto de atividades relacionadas à coleta, transporte, manipulação, tratamento, eliminação ou reciclagem de materiais, substâncias, objetos ou bens descartados, resultantes das atividades humanas.
As cadeias produtivas industriais têm se preocupado bastante com o tema nesses últimos anos e adotado pautas ambientais ativas, pois além dos benefícios ambientais, o gerenciamento de resíduos que antes era considerado um custo operacional, passou a ser uma vantagem competitiva, gerando novas oportunidades de negócios no setor.
Entretanto, compreender a importância do tema e colocar em prática um plano efetivo de gerenciamento de resíduos industriais, inicialmente pode parecer desafiador, mas o primeiro passo é conhecer os resíduos que as principais indústrias geram e as soluções que existem hoje para reduzi-los ou transformá-los, tendo como base especialmente o conceito de economia circular.
Classificação dos Resíduos
Antes de nos aprofundarmos em cada indústria, é importante conhecer como os resíduos são classificados. Vamos entender!
A NBR 10.004 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) divide os resíduos em três classes:
- Classificação I (Perigosos)
Abrange resíduos que apresentam algum tipo de periculosidade como substâncias inflamáveis, tóxicas ou corrosivas.
- Classificação II (Não Inertes)
Engloba resíduos que não possuem aspectos de periculosidade, mas que possuem características como combustão, biodegradabilidade e solubilidade em água.
- Classificação II B (Inertes)
Os resíduos industriais Classe II B, não perigosos e inertes são aqueles que ao passarem por testes de solubilização, não apresentam nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água. Resumidamente, a água continua potável quando entra em contato com esse tipo de resíduo.
Resíduos de Cada Indústria
Cada setor da indústria pode gerar tipos de resíduos semelhantes ou diferentes. Alguns costumam ser bastante nocivos ao meio ambiente e à saúde da população. Por isso, abaixo listamos quais resíduos as principais indústrias que movimentam a economia costumam produzir. Confira:
Alimentos e Bebidas
Os principais resíduos gerados pela indústria de alimentos e bebidas são: os efluentes industriais, classificados em biológicos e químicos, e os resíduos sólidos orgânicos (fração úmida) e recicláveis (fração seca). Cada um deles tem uma forma diferente de tratamento, justamente porque alguns possuem substâncias altamente poluentes.
O consumo e reuso de água, assim como o tratamento e destinação de resíduos são grandes desafios enfrentados por essa indústria, mas que podem ser solucionados por meio de soluções customizadas, principalmente focadas em economia circular. Dentre elas podemos citar:
- Fertilização, em que resíduos sólidos orgânicos provenientes do processamento de alimentos se transformam em fertilizantes orgânicos ricos em nutrientes e de grande valor para a agricultura e paisagismo.
- Coprocessamento hoje é considerado uma das técnicas mais vantajosas, pois recupera a energia relacionada à combustão de resíduos, reduz o consumo de combustíveis fósseis e diminui a carga em aterros sanitários.
- Reciclagem de Efluentes, em que o lodo resultante do tratamento biológico passa a ser reaproveitado e encaminhado para a compostagem.
- Compostagem Industrial, cujo processo favorece a diminuição da poluição do solo, ar e água, entre outros benefícios.
- Incineração, que tem como benefícios a preservação ambiental, a redução de resíduos em aterros sanitários, a reciclagem energética e a destruição da matéria orgânica do lixo.Lembrando que o conceito de Economia Circular sempre preza por utilizar o material que seria descartado como matéria-prima no mesmo ciclo ou em outro novo, reduzindo custos e impactos ambientais. Como boa prática, o indicado é encaminhar para o aterro somente os resíduos que não possuem nenhuma forma viável de reaproveitamento.
Papel e Celulose
Entre os principais resíduos gerados pela indústria de papel e celulose, destacam-se as cascas de madeira, nós, palitos e rejeitos de fibras; dregs, grits, lama de carbonato e areia de caldeira; lodo biológico e lodo primário e lama de carbonato.
Atualmente, existem formas de fazer o gerenciamento desses resíduos, como é o caso da valoração, que é amplamente utilizada para solucionar o descarte incorreto, empregando tecnologias de tratamento para transformá-los em matérias-primas nobres.
A valoração de resíduos visa o maior aproveitamento da matéria prima utilizada, por meio da redução volumétrica para armazenamento, transporte ou reuso, e ainda fomenta a economia circular.
Saiba mais sobre a valoração de resíduos na indústria de papel e celulose!
Óleo & Gás
Uma das principais chaves da economia global, considerada como a terceira maior contribuição do PIB brasileiro, é a Indústria de Óleo e Gás. Mas, por ser um segmento baseado na exploração de bacias sedimentares, suas atividades podem causar danos significativos ao meio ambiente, gerando uma grande quantidade de resíduos.
Dentre esses resíduos podemos citar a borra de petróleo ou borra oleosa, que por muito tempo foi depositada em diques e tanques ao ar livre, prejudicando o meio ambiente. Para se ter uma ideia, este resíduo é composto por água, metais pesados, óleos, graxas e hidrocarbonetos totais, por isso entra na Classe I, isto é, de elementos perigosos.
Atualmente existem soluções muito eficientes para o gerenciamento de resíduos dessa indústria, que atendem à legislação vigente e promovem as melhores práticas de saúde, segurança, qualidade e meio ambiente. Abaixo destacamos quais são essas técnicas:
- Coprocessamento, cujos resíduos sólidos passam por uma blendagem e se transformam em uma mistura de materiais com potencial de reaproveitamento;
- Remediação Ambiental, em que o conjunto adequado de medidas tratativas é aplicado diretamente no solo em áreas já contaminadas;
- Processos Térmicos como incineração, decomposição a altas temperaturas sem oxigênio e desintegração, em que a matéria é transformada em gás.
O Coprocessamento, atualmente, é uma das principais formas de Valoração de Resíduos da Indústria de Óleo e Gás, promovendo diversos benefícios como: lucro com a venda de resíduos ou com a compra de matéria-prima ou combustível com baixo custo; destinação de resíduos mais segura e dentro da lei; solução definitiva, que não apresenta quaisquer riscos com passivos ambientais e redução dos impactos sobre os recursos naturais não renováveis.
Petroquímica
Antes de falarmos dos resíduos gerados por essa indústria, é importante entender que a primeira etapa industrial nesse setor inicia na refinaria, com a produção de gás natural (etano, propano e butano) e petróleo (gasóleo e nafta). Partindo dessa informação, são classificadas três gerações dentro da cadeia: petroquímicos básicos, resinas e intermediários e, por fim, os transformadores.
Embora seja essencial para a economia global, os riscos ambientais dessa atividade devem ser levados em consideração, pois vão desde a poluição do ar, da água e do solo, oriunda da geração de resíduos sólidos e líquidos com alto grau de toxicidade, até a formação de fuligens e emissão de gases orgânicos.
Mas, a boa notícia é que hoje existem diversas soluções para gerenciar e evitar os possíveis impactos ambientais gerados por essa indústria e algumas delas, inclusive realizadas pela Allonda, são:
- Valoração dos Resíduos Sólidos com técnicas convencionais e avançadas;
- Segregação do Lodo através do Geotube;
- Gerenciamento de Áreas Contaminadas;
- Desassoreamento;
- Dragagem;
- Recuperação de Lagoas.
Petroquímica: sua relevância econômica e os principais desafios ambientais
Farma e Cosméticos
A indústria farmacêutica foi uma das que mais cresceram com a evolução dos processos industriais, mas em contrapartida gera uma quantidade significativa de resíduos sólidos, devido à devolução e ao recolhimento de medicamentos do mercado, descarte de medicamentos rejeitados pelo controle de qualidade e perdas inerentes ao processo.
Vários produtos farmacêuticos e cosméticos contêm substâncias tóxicas e inflamáveis, que ao serem descartadas inapropriadamente se tornam nocivas à população e causam impactos ambientais negativos como a contaminação do solo, áreas verdes e espaços urbanos e mananciais (superficiais e subterrâneos).
Atualmente, existem soluções simples e sistêmicas para solucionar esse problema, entre elas:
- Coprocessamento;
- Reciclagem ou Transformação dos Resíduos;
- Biorremediação;
- Remediação Química ou Física;
- Incineração.
A transformação dos resíduos com base em Economia Circular, normalmente segue uma escala de prioridade proposta pelo próprio PGRS, de acordo com a sustentabilidade de cada alternativa que citamos acima:
- Não Gerar
- Reduzir
- Reutilizar
- Reciclar;
- Tratar
- Incinerar/Destinar
Esta escala destaca a importância de opções como coprocessamento e transformação de resíduos por causarem menor impacto negativo ao meio ambiente e que, portanto, proporcionam maior sustentabilidade na gestão de resíduos. A intenção é reduzir a necessidade de ações de remediação, por exemplo, ou incineração, que possivelmente podem gerar algum impacto negativo ao meio ambiente, como a emissão de gases.
Para todas as opções de destinação para este tipo de resíduo, é necessária uma avaliação criteriosa e que pondere sobre diversos fatores, sejam eles econômicos ou ambientais.
Gerenciar é preciso
Agora que você já conhece os tipos de resíduos gerados pelas principais indústrias, sempre vale reforçar que as práticas de gerenciamento de resíduos industriais mais eficientes baseiam-se em processos de reciclagem, reuso e reutilização, quando possível, ou na destinação final ambientalmente adequada dos rejeitos.
Por fim, sabemos que enraizar essa cultura é um processo a longo prazo, mas é fundamental que as indústrias estejam atentas à importância dessa prática e estabeleçam o gerenciamento de resíduos como atividade indispensável, pois esta é uma forma de evitar sanções ambientais, proteger o meio ambiente e a saúde da população, gerar economia e se posicionar no mercado como uma indústria sustentável e consciente.
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