Impactos que a ausência de gestão hídrica pode causar à produção industrial

Há muito tempo o tema “escassez da água” tem sido tratado pelo mundo inteiro e embora o problema seja um velho conhecido, ele ganhou muito mais notoriedade recentemente, visto que pode agravar progressivamente se medidas drásticas quanto ao manejo e preservação da água não forem adotadas o quanto antes.

Exemplo disso, é que a ONU (Organização das Nações Unidas) estima que mais de 2,7 bilhões de pessoas deverão sofrer com a falta de água no ano de 2025, caso o consumo do planeta não diminua. 

O cenário ainda pode gerar problemas maiores como conflitos futuros entre as nações por causa da água, que será considerada o ‘ouro líquido’ do futuro. 

Nesse sentido, o Brasil entra como foco, já que é o país do mundo que possui maior quantidade de água doce, com 12% do total existente no planeta. Para se ter uma ideia, é mais que todo o continente europeu ou africano. O primeiro possui 7% e o outro 10%, respectivamente.

Panorama Brasileiro

Mas, apesar de determos a maior reserva de água doce do mundo, a distribuição ainda é bastante heterogênea. A Região Norte, por exemplo, concentra 81% deste recurso, porém abriga apenas 5% da população brasileira. A Região Sudeste, por sua vez, concentra 45% da população do Brasil, cerca de 70% do volume de vendas do setor industrial do país e 65% da mão de obra, mas dispõe apenas de 6% da oferta de água. 

Além da desigualdade na distribuição deste recurso, alguns dos efeitos que mais preocupam o nosso país é a escassez hídrica causada por fatores climáticos e também pelo desperdício de água, tanto que, segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), o Brasil desperdiça 40% da água captada. 

O saneamento básico também é um grande desafio quando o assunto é Gestão de Recursos Hídricos. Porém, este cenário tem mudado continuamente, devido ao novo Marco Legal do Saneamento Básico sancionado no ano de 2020.

Agora existe a igualdade de competição pela rede para empresas públicas e privadas, bem como metas de eficiência e cobertura universal de coleta/tratamento de esgoto e abastecimento de água, que se não forem cumpridas podem resultar na rescisão dos contratos. 

Mesmo com essas melhorias, há um longo caminho que o Brasil precisa percorrer para universalizar os serviços de saneamento básico e, de acordo com a CNI, um deles é o investimento de pelo menos R$ 593,3 bilhões nos próximos 12 anos, nos quais R$ 42,7 bilhões devem ser destinados para a redução do índice de perdas de água para níveis satisfatórios.

Caso tudo caminhe dentro do previsto, a confederação avalia que o país colherá diversos benefícios com a implementação do novo marco, visto que a ampliação dos investimentos no setor é condição fundamental para reverter os atrasos. 

Saiba o que o Novo Marco Regulatório do Saneamento Básico significa para o Grupo Allonda

Ausência de Gestão Hídrica causa impactos à indústria

Agora que já falamos sobre os principais motivos relacionados à escassez da água, chegamos ao nosso tema central, que é a ausência de Gestão Hídrica e quais impactos ela causa, especificamente, às indústrias!

Não poderia ser diferente, quando a água não é bem gerenciada, especialmente pelos seus maiores consumidores, pode contribuir para uma crise hídrica, prejudicando desde a disponibilidade de água até a sua qualidade, devido ao baixo volume, o que implica em perdas significativas de produção.

Outro ponto, que está mais relacionado à escassez deste recurso do que à gestão, é que nos últimos anos, a água captada nos rios piorou muito e o motivo é que a vazão reduzida faz com que os poluentes se concentram com mais facilidade. 

Para as indústrias, este fator ocasiona grandes prejuízos, porque elas acabam gastando mais do que o planejado para tratar essa água para que fique em condições aceitáveis de uso.

Além disso, a falta ou a má gestão da água pode ter outros impactos significativos para a indústria. Abaixo listamos quais são eles:

Impactos financeiros

A ausência de uma gestão hídrica eficiente impacta não só a atividade industrial, mas também o processo produtivo em si. Desta forma, se a indústria não consegue se manter, devido a uma gestão ineficiente, enquanto há interrupção no fornecimento de água, por exemplo, a produção e venda de produtos podem sofrer relevantes impactos, principalmente financeiros. 

Falta de visibilidade sobre a pegada hídrica da indústria

A pegada hídrica é um indicador ambiental que mensura o volume de água doce utilizado ao longo de toda a cadeia de produção de um bem de consumo ou serviço. Pode ser usado para medir desde o consumo hídrico total de um país, até as atividades anuais de uma empresa.

Entretanto, a ausência de uma Gestão Hídrica impede que a indústria contabilize sua Pegada Hídrica, dificultando a estruturação de metas e objetivos ambientais, assim como planejamentos em relação ao futuro, frente ao cenário de escassez. 

Lembrando que para as indústrias, o indicador estimula a redução do consumo do recurso natural na cadeia de produção, já para a sociedade é uma maneira de informar sobre a melhor escolha e alertar sobre o consumo de produtos feitos com mais economia de água. 

Despreparo para potenciais crises resultantes de disponibilidade, qualidade ou fornecimento de água

As duas regiões mais afetadas pela crise hídrica são as bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí e do Alto Tietê, abrangendo as regiões metropolitanas de São Paulo e administrativa de Campinas. 

Indústrias que não possuem uma Gestão de Água eficiente podem passar por grandes dificuldades para operar nessas regiões, que hoje respondem por cerca de 50% do PIB da indústria do Estado de São Paulo. Consequentemente, esta inoperabilidade em grandes polos industriais ocasiona a perda de diversas oportunidades de expansão no mercado. 

Prejuízos ao meio ambiente

A atividade industrial é uma das principais causadoras da poluição dos corpos hídricos, isso porque algumas indústrias ainda despejam toneladas de resíduos tóxicos em rios, prejudicando o ecossistema e tornando a água imprópria para o consumo. Como consequência, há um grande desequilíbrio ambiental. 

Mas, esses prejuízos podem ser evitados com uma gestão consciente e, felizmente, muitas indústrias hoje trabalham com medidas sustentáveis, como a reutilização da água e o gerenciamento correto de resíduos tóxicos.

Suscetibilidade a sanções ambientais

A fiscalização do uso adequado da água é realizada por diversas instituições no Brasil e tem como finalidade regularizar usos ainda não outorgados e verificar as condições de utilização naqueles que já possuem a aprovação. Caso sejam detectadas irregularidades, a legislação de recursos hídricos pode penalizar as indústrias com multas, embargos provisório ou definitivo. 

Impactos sociais

A falta de Gestão Hídrica por parte da indústria, hoje considerado o setor que consome 22% da água disponível no mundo, além dos impactos ambientais também pode acarretar impactos sociais. O racionamento deste recurso altera a rotina dos cidadãos, da cidade e das atividades econômicas, reduzindo o movimento do comércio, interrompendo serviços de lazer, desacelerando a economia e causando desemprego. 

E não é só isso, a contaminação dos recursos hídricos coloca a saúde da população em risco. A boa notícia é que a gestão hídrica prevê todos esses impactos, ajudando a evitá-los. 

A indústria está no topo da pirâmide, por isso deve priorizar estratégias que economize, recicle e reuse esse recurso, já que os benefícios são diretos e indiretos!

 

Medidas que evitam prejuízos à produção industrial

Hoje existem diversas soluções para realizar uma Gestão Hídrica eficiente, ambientalmente adequada e rentável em todo o ciclo da água, começando pelo seu uso racional nos processos produtivos. 

A estratégia de reuso da água, por exemplo, é uma ferramenta poderosa e que pode ser facilmente implementada, pois tem a finalidade de diminuir a captação de água, garantindo a mesma produtividade com um consumo menor do recurso, ou seja, a indústria consegue manter sua produção e equilibrar o seu faturamento, com o benefício de estar alinhada às pautas ambientais e sustentáveis.

E não para por aí! 

Além do uso consciente e de estratégias de reuso, como falamos, existem outras soluções de gestão da água, e é sobre elas que falaremos no nosso próximo artigo. Acompanhe  nossas atualizações.