Segundo explicou o diretor da Andritz, empresa também atuante na área de decanters, filtros-prensa e adensadores, o sistema é todo estanque e não permite a entrada de ar ambiente no leito, o que pode ser muito perigoso. O lodo úmido, desaguado entre 25% e 30% por decantadoras ou filtros-prensa, é bombeado diretamente para dentro do leito sem a necessidade de reciclo de produto seco para ser misturado ao úmido, como ocorre em outros processos de secagem. Outra vantagem é o fato de os granulados serem formados na camada em fluidização, resultando em partículas estáveis com tamanho na faixa de 1 a 5 mm. O pó retirado do leito é alimentado em misturador onde será granulado com o lodo úmido, retornando ao secador para tratamento. O condensado retorna ao processo.
Se a secagem térmica ainda não deslanchou, há outros movimentos interessantes no mercado nacional de deságüe de lodo que fazem supor uma evolução tecnológica. Um exemplo ocorre na Companhia de Saneamento de Minas Gerais, a Copasa, uma das estaduais que mais investem nos últimos anos. Na ETE Arrudas, em Belo Horizonte, a empresa colocará em operação no início de 2010 um projeto de cogeração de energia, no qual aproveitará o biogás dos digestores para aquecer o lodo antes da digestão e assim melhorar o desempenho biológico.
No projeto, a Alfa Laval forneceu para a construtora Barbosa Melo, responsável pela obra, um pacote que inclui uma decanter centrífuga de 45 m3/h e quatro trocadores de calor, pelos quais a água aquecida pelo biogás passará para aumentar a temperatura do lodo. Serão trocadores do tipo espiral, segundo explicou o engenheiro da Alfa Laval, Daniel Pavan, que evitarão a incrustação do lodo por causa de seu desenho autolimpante. “A Copasa é uma das primeiras a aproveitar o biogás para algo que melhorará seu tratamento de esgoto”, elogiou Pavan.
Daniel Pavan comemora vendas para concessão privada.
Além desse fornecimento, outras vendas da Alfa Laval também demonstram um novo cenário do mercado. As últimas boas vendas de centrífugas decantadoras da companhia de origem sueca, com fábrica em São Paulo, foram para três concessões privadas de saneamento, em específico para a Odebrecht Engenharia Ambiental, recentemente rebatizada de Foz do Brasil. Essas concessões do grupo baiano ficam em Limeira e Rio Claro, em São Paulo, e em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo. Foram duas decanters para tratamento de lodo de esgoto em Limeira, com vazão na faixa de 35 m3/h, uma pequena em Rio Claro (3 m3/h) e mais duas para a cidade capixaba, uma para ETE e outra para ETA.
Segundo Pavan, a Alfa Laval registrou grande crescimento nas vendas para o mercado de saneamento, compensando a estagnação do setor privado, onde até então era mais forte na venda não só de centrífugas decantadoras para efluentes como para processos industriais. Colaborou com esse novo cenário também o fato de a empresa vir de um processo intenso de nacionalização da fabricação em São Paulo. “Hoje estamos bem competitivos também nesse mercado, que exige máquinas mais robustas e com preços não muito altos como os praticados em processo industrial”, finalizou Pavan.
Algumas empresas começaram a vender no Brasil, nos últimos anos, para desidratação de lodo, sistemas com mantas de geotêxtil de polipropileno que formam imensas bolhas para fazer a separação sólido-líquido do lodo. Os tecidos costurados como tubos recebem por bombeamento o material floculado até seu esgotamento e o líquido é drenado pelos poros do geotêxtil e pode ser reaproveitado. Depois da saturação, com o material seco entre 30% e 40%, o tubo é rasgado e o lodo segue removido para destino. Para especialistas do mercado, trata-se de uma saída econômica em situações em que o investimento em um filtro-prensa ou centrífuga decantadora torna-se injustificável, em estações pequenas e/ou em operações pontuais de deságue de lodo de tanques na indústria.
Luiz Gustavo Escobar está animado com os negócios
A empresa mais empenhada na divulgação da tecnologia é a Allonda, de São Paulo, que representa o grupo holandês e norte-americano Tencate, dono da marca Geotube, de tubos geotêxteis de PP resistentes ao UV. Segundo o diretor da Allonda, Luiz Gustavo Escobar, a empresa possui tubos standard com capacidade para 1 m3 a até 880 m3 de material seco. Para ele, os projetos dos tubos vão variar conforme a quantidade de sólidos totais e demais características do lodo, análise feita por laboratório contratado pela Allonda. Escobar afirma que a empresa tem tido bom desempenho no Brasil, em operações para o mercado de saneamento, papel e celulose, siderurgia e química.