Revista Hydro | Geotecido para contenção e desidratação de lodo

Indústrias e empresas de saneamento que necessitam dar um destino correto ao lodo gerado pelas estações de tratamento de água e esgoto têm agora a opção de usar os sistemas de contenção e desidratação de lodo desenvolvidos pela Ten Cate Nicolon, dos EUA, e distribuídos no Brasil pela Allonda Ambiental, de São Paulo.”É uma alternativa aos enormes custos de investimento, operação e manutenção dos equipamentos mecanizados convencionais”, diz Luiz Gustavo Escobar, diretor da Allonda Ambiental.

O segredo da linha, denominada Geotube, está nos sacos fabricados de geotêxtil tecido, de polipropileno de alta densidade, com pequenos poros que permitem a drenagem do líquido e a contenção dos sólidos. “É possível reduzir o volume do lodo em até 60%”, diz.

Os sacos são fornecidos em tamanhos que variam de 9 a 60m de comprimento e alturas de 1,6 e 2,3m, respectivamente. A capacidade volumétrica máxima de lodo desidratado é de 850 m3. ‘Também fornecemos outras medidas sob encomenda”, diz. No Brasil, por exemplo, a Allonda forneceu para um único cliente 25 unidades de 8,30 por 100 metros de comprimento.

Segundo Escobar, o Geotube oferece diversos benefícios em relação a outros métodos de desidratação de lodo, como filtro-prensa, centrífugas, belt-press e leitos de secagem. “A economia é de pelo menos 30%, pois os custos operacionais e de manutenção são mínimos”, diz. Outra vantagem é o reduzido gasto energético, já que o sistema não utiliza equipamento elétrico, apenas o bombeamento do lodo.

A instalação leva apenas algumas horas, segundo o diretor. “Dois homens podem facilmente montar o sistema no local”. Um pré requisito para o uso do Geotube é que o terreno seja preparado com uma camada drenante, isolada com manta impermeável. Além disso, o terreno deve ser plano, ou seja, nivelado de lado a lado, para que saco não role quando estiver cheio. A inclinação do local de desidratação, no sentido longitudinal, deve ser menor que 0,5%.

O sistema, em alguns casos, não dispensa o uso de produtos químicos. Para ajudar na floculação do lodo e assim facilitar o processo,devem ser adicionados polímeros sintéticos no tanque da mistura. “Mas a proporção pode reduzir em até dez vezes a quantidade de uso desses produtos, em relação aos métodos convencionais”, ressalta Escobar.

De acordo com ele, a água resultante apresenta alto grau de clarificação e níveis reduzidos de DBO, DQO e outros parâmetros de controle, podendo ser retornada aos cursos d’água naturais ou reutilizada.

A redução do volume de lodo permite inúmeros enchimentos do saco. Depois do ciclo final de cada processo, os sólidos retidos podem continuar a consolidar por desidratação (o vapor d’água residual sai através do geotêxtil). O resíduo seco pode ser armazenado na própria planta, queimado, levado para aterros ou usado em terraplenagem. O saco, depois de cortado para retiradado material, pode ser aproveitado em outras aplicações, como em base de estruturas de estradas. Além do geotêxtil, o sistema é instalado com acessórios hidráulicos (tubulação de PVC ou aço, as conexões, válvulas e prensa-tubos). A Allonda pode vender os produtos ou, se o cliente preferir, entregar o sistema pronto, incluindo projeto e instalação.

No mundo, a TenCate possui mais de 60 mil Geotubes instalados. No Brasil, o número não foi divulgado, mas a Allonda vem registrando elevado crescimento nas vendas – em 2006 a alta nos negóciosfoi de 30%. A empresa tem clientes como Sabesp, Petrobras, Sanasa, Coca-Cola, Cetrel – Central de Tratamento de Efluentes de Camaçari, Perdigão, Marca Ambiental (aterro sanitário em Vitória), Acesita, entre outros.

Um dos casos de sucesso foi o da cidade do Rio das Ostras, localizada no litoral norte do Rio de Janeiro, onde as estações de tratamento de esgoto atendem menos de 20% da população residente. A maioria das residências utiliza fossas sépticas individuais, que são esgotadas por uma frota de caminhões limpa-fossas, com volume diário estimado em 500 m3/dia. Outro problema na cidade é a geração de 40 m3/dia de chorume no aterro sanitário. Para o tratamento desses efluentes, foram construídas lagoas de estabilização, que ainda não atendiam aos padrões de lançamento permitidos. Com os Geotubes instalados, foi possível condicionar e desidratar um volume de 34 mil m3 de lodo e chorume misturados, com uma média de 1% de sólidos. “Todo o processo ocorreu sob condições sanitárias controladas, com total ausência de odores e sem proliferar quaisquer tipos de vetores e insetos”, diz.

Com estoque de mais de 200 unidades de Geotube para pronta comercialização, a Allonda Ambiental possui 15 funcionários e representantes em alguns estados. “Estamos à procura de novos parceiros”, diz Escobar. Todos os produtos são importados dos EUA, mas há planos de fabricação no Brasil de parte do processo. Além de facilitar a logística, a nacionalização pode trazer reduções de custo.