Contenção no mar:
Sacos gigantescos de alta resistência e com capacidade de drenagem são a base de um sistema adotado pela Odebrecht Infraestrutura para solucionar um pesadelo de empreiteiras e construtoras: encontrar um passivo ambiental préexistente no local da obra. No caso, material sólido contaminado na área marítima em frente à Embraport, terminal portuário privativo de uso misto, situado na margem esquerda do Porto de Santos, que a empresa está construindo. “Tem a tabela periódica lá”, brinca Henrique Marchesi, diretor de contrato da Odebrecht Infraestrutura, ao listar os metais que estão nos grão do solo da região dragada mercúrio, manganês, prata e cádmio, entre outros.
Coador gigante:
Com 64 metros de comprimento, 16 m de largura e 2,5 m de altura, os sacos, conhecidos como geobags, funcionam como “coadores de café”, explica Marchesi. O material dragado, com seus componentes contaminados, fica confinado, a água drenada é tratada e devolvida ao estuário e o material sólido serve como base para o aterro. “Se o processo fosse feito pelo método tradicional, precisaria tirar o material, secar a lama e levar para um aterro que estivesse qualificado para isso”, diz o executivo.
Sem vaivém:
A Odebrecht calcula que para encaminhar os 580 mil metros cúbicos de terra para aterros seriam necessárias, aproximadamente, 73 mil viagens de caminhão. O uso do material como fundação, segundo a empresa, também evita que esse volume de terra seja retirado de uma jazida e levado para a obra. O processo de um ano e meio deve ser concluído até novembro e tem, segundo Marchesi, atraído atenção de outras construtoras como problemas semelhantes. “Viramos uma vitrine.”
Longo alcance:
A trajetória das empresas rumo à sustentabilidade está cada vez mais ramificada. Com a evolução do conceito e das iniciativas nos últimos anos, “as coisas não estão mais 100% sob controle da companhia”, avalia Paulette Frank, vicepresidente de sustentabilidade, saúde ambiental e segurança da área de produtos de consumo da Johnson & Johnson. A múlti, que deu partida a um ambicioso plano de sustentabilidade de cinco anos com metas fixadas para 2015, olha com cuidado crescente para as práticas de fornecedores. “Não é uma peça na cadeia de valor que pode resolver. É preciso desenvolver competências, unir as companhias e construir confiança”, diz Paulette.
Critérios rígidos:
O guia das ações de sustentabilidade da Johnson prevê, por exemplo, critérios de compras que ajudem a promover inclusão social e diversidade. Os fornecedores chave, segundo o plano, devem ter no mínimo duas metas de sustentabilidade com acompanhamento público de sua evolução. Todo o óleo de palma e seus derivados deverão vir de produtores certificados. “A ideia é primeiro tornar sustentável e depois rastreável”, diz a executiva.
Pano de prateleira:
Quando assistiu no programa Sem Censura, da TV Brasil, a uma reportagem sobre o projeto Caras do Brasil, que leva para os supermercados da rede Pão de Açúcar produtos de micro empresas, ONGs e artesãos, a assistente social Neide Poleto identificou uma
oportunidade para ajudar a parcela mais carente dos 22 mil habitantes de Aparecida do Taboado (MS). Ela que havia juntado o que identifica como “uma vocação local para bordado” e a necessidade de gerar renda em uma associação, a Mãos que Brilham, entrou em contato com a empresa para ver se conseguiria espaço nas prateleiras para panos de prato e tapetinhos produzidos pelas moradoras da região. Vendeu no primeiro ano 480 peças. Neste ano até setembro, foram 17,6 mil, informa. O suficiente para garantir cerca de R$ 250 mensais para as 160 pessoas que trabalham em suas casas na produção sequenciada dos panos e tapetes e conseguem assim, dar conta das tarefas domésticas e cuidar de filhos e netos. O dinheiro, que Neide define como “ajuda de custo” é usado principalmente para pagar as contas de farmácia, energia elétrica e água.
O Caras do Brasil, que comemora seus dez anos na quartafeira, hoje coloca nas lojas do Pão de Açúcar mais de 170 itens produzidos de forma sustentável de 64 fornecedores de 16 Estados. Completa uma década com planos de crescer e levar os produtos a mais Estados, além dos recémintegrados Pernambuco e Ceará, e também a outras bandeiras do grupo até 2014.