Papel da mineração nas energias renováveis entra em pauta na Exposibram 2019

A discussão em torno do uso de energias de fontes renováveis existe há algum tempo. A utilização de placas solares e turbinas eólicas sempre são lembradas quando o assunto vem à tona. Durante a Exposibram 2019 essas tecnologias foram debatidas com um viés importante, o papel da mineração nas energias renováveis.

Com a presença de Carlos Eduardo Pereira, diretor de Operações da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação (Embrapii), Calvyn Gardner, presidente da Sigma Lithium Resources, Huw Hampson-Jones, presidente da OXIS Energy Brasil e Henrique Ceotto, sócio da McKinsey & Company, o painel “O futuro da energia renovável e a mineração” trouxe para o debate como o mercado de energia renovável está intimamente ligado à atividade minerária.

Carlos Eduardo, da Embrapii, abriu o evento falando sobre as iniciativas de pesquisa e desenvolvimento lideradas pelo órgão e como elas podem afetar o setor. O diretor ressaltou que são quase 800 projetos apoiados com 1,32 bilhão de reais investidos em pesquisa e desenvolvimento.

Em seguida Calvyn Gardner detalhou como a utilização do lítio está mudando o mercado de baterias e da mobilidade elétrica em todo o planeta. O executivo acredita que haverá um aumento de 2.900% na demanda por este metal com o crescimento do uso de veículos elétricos no mundo. Para o Brasil, Calvyn entende que o mercado que deve liderar a transformação é o de ônibus, que representaria uma forte economia no setor de transporte e puxaria a demanda para caminhões e veículos leves.

Huw Hampson-Jones falou em seguida e ratificou o que todos vinham expondo. O britânico destacou como a pesquisa para diminuir o peso e tamanho das baterias tem sido importante para a mobilidade elétrica e mostrou como a sua empresa pretende atacar o mercado da aviação, já com testes de bancada para uso do motor elétrico em aeronaves.

Outro importante ponto levantado foi a dificuldade que as baterias com base de cobalto criam para a sua reutilização ou reciclagem, já que envolvem em sua produção metais poluidores. Com isso, além de apresentarem mais eficiência, as baterias de lítio também se mostram mais amigáveis ao meio ambiente.

Perspectiva do mercado mineral a partir das energias renováveis

Encerrando as apresentações, Henrique Ceotto mostrou estudo da McKinsey & Company a respeito da perspectiva dos metais diante de três premissas que movem a indústria: a eletrificação, a descarbonização e a redução do peso.

Neste primeiro ponto, Henrique lembrou que o preço do kW/hora das baterias vem diminuindo drasticamente ao longo dos anos. Isso significa que já chegamos a um ponto em que o uso de combustíveis fósseis se tornou mais caro que o elétrico. Dessa forma, as baterias ganham destaque.

Sobre a redução de carbono o sócio da McKinsey & Company apontou que na Europa o custo da compensação de carbono subiu cinco vezes desde o início da década, forçando grandes emissores a reverem seus métodos e diminuírem suas emissões de carbono. Ou seja, mais um contribuinte no desenvolvimento de fontes limpas.

Por fim, a redução de peso que a indústria automobilística busca é um motivador também para a indústria de baterias. Isso porque para ser viável, um veículo elétrico precisa ter uma relação de consumo de energia adequada ao praticado por movidos a combustível fóssil.